sexta-feira, 18 de março de 2011

O uso dos solos

O que é solo?

Solo é um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). Essas fases podem ser encontradas em diferentes proporções, dependendo de fatores como tipo de solo e forma de utilização.
É produto do intemperismo sobre um material de origem, cuja transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo de um tempo.
O solo, contudo, pode ser visto sobre diferentes ópticas. Para um engenheiro agrônomo, através da edafologia, solo é a camada na qual pode-se desenvolver vida vegetal. Para um engenheiro civil, sob o ponto de vista da mecânica dos solos, solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa forma como suporte para construções ou material de construção


A utilidade do solo
Devido ao crescimento populacional e a crise de alimentos no mundo, o manejo intensivo do solo, a monocultura e o aumento do uso de pesticidas e fertilizantes tornaram-se práticas comuns para elevar a produção agrícola. A utilização massiva destas práticas tem ocasionado perda da matéria orgânica do solo, erosão e contaminação das águas subterrâneas, além de prejuízos a microbiota e seus processos bioquímicos. No século passado, aproximadamente 8,7 bilhões de hectares no mundo eram utilizados para práticas agrícolas e florestais, e destes cerca de 2 bilhões de hectares se encontravam em processo de degradação. A taxa de crescimento na produção de grãos passou de 3% na década de 70 para 1,3% na década de 90, e uma das causas para este declínio é o uso inadequado do solo.
O solo é um recurso natural vital para o funcionamento do ecossistema terrestre e representa um balanço entre os fatores físicos, químicos e biológicos. Os principais componentes do solo incluem minerais inorgânicos e partículas de areia, silte e argila, formas estáveis da matéria orgânica derivadas da decomposição pela biota do solo; organismos vivos como minhocas, insetos, bactérias, fungos, algas e nematóides; e gases como O2, CO2, N2, NOx. O solo, como um sistema natural vivo e dinâmico, regula a produção de alimentos e fibras e o balanço global do ecossistema, além de servir como meio para o crescimento vegetal, através do suporte físico, disponibilidade de água, nutrientes e oxigênio para as raízes, além de atuar na regulação hídrica no ambiente, transformação e degradação de compostos poluentes.

O solo possui seis funções principais, sendo três funções consideradas ecológicas e outras três ligadas a atividade humana. As funções ecológicas incluem a produção de biomassa (alimentos, fibras e energia); filtração, tamponamento e transformação da matéria para proteger o ambiente, as águas subterrâneas e os alimentos da poluição; e habitat biológico e reserva genética de plantas, animais e organismos, que podem ser protegidos da extinção. As funções ligadas à atividade humana incluem o meio físico que serve de base para estruturas industriais e atividades sócio-econômicas, habitação, sistema de transportes e disposição de resíduos; fonte de material particulado (areia, argila e minerais); e parte da herança cultural, paleontológica e arqueológica, importante para preservação da história da humanidade. No caso das atividades relacionadas à agricultura e meio ambiente, as principais funções do solo são prover um meio para o crescimento vegetal e habitat para animais e microrganismos; regulação do fluxo de água no ambiente; e servir como um “tampão ambiental” na atenuação e degradação de compostos químicos prejudiciais ao meio ambiente .

A qualidade do solo é definida como a capacidade deste de funcionar dentro do ecossistema para sustentar a produtividade biológica, manter a qualidade ambiental e promover a saúde das plantas e animais. Outras definições para a qualidade do solo foram descritas: “capacidade de um tipo específico de solo funcionar como ecossistema natural ou manejado para sustentar a produtividade animal e vegetal, manter a qualidade da água e do ar e suportar o crescimento humano ; “condição do solo relativa aos requerimentos de uma ou mais espécies biológicas e/ou de algum propósito humano “capacidade do solo de sustentar a diversidade biológica, regular o fluxo de água e solutos, degradar, imobilizar e destoxificar compostos orgânicos e inorgânicos e atuar na ciclagem de nutrientes e outros elementos.

De uma forma geral, as definições acima descrevem algumas funções comuns para todos os solos - sustentação da produtividade e a promoção da saúde vegetal. Desta forma, um solo equilibrado proporciona à planta um desenvolvimento vigoroso e oferece condições para expressar todo seu potencial genético de produção. Muitas práticas agrícolas causam alterações nos atributos do solo que resultam no mau funcionamento e em último caso na degradação dos recursos naturais. Por outro lado, a utilização de práticas que promovam uma melhoria da qualidade do solo deve ser preconizadas com o objetivo de proporcionar às plantas condições favoráveis de desenvolvimento. Além disso, é de fundamental importância a manutenção desta qualidade por longos períodos, contribuindo para o aumento da produtividade vegetal e influenciando na qualidade do meio ambiente.
Recentemente, a Universidade Estadual do Piauí aprovou um projeto, sob nossa coordenação, que objetiva avaliar a qualidade do solo dos municípios de Teresina e Parnaíba, com financiamento público da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Piauí – FAPEPI, dentro do edital de financiamento de projetos de pesquisa de fluxo contínuo.



O bom uso dos solos
Muitas vezes quando falamos de recursos naturais esquecemo-nos de referir os solos, esquecendo que os solos são um importantíssimo recurso natural, servindo inclusivamente de suporte físico a todos os outros recursos.
Os solos, o terreno, o espaço são um recurso natural de elevada relevância pois é um recurso finito e a sua utilização e ocupação deve ser bem planeada e bem aproveitada.
Com a ocupação humana os solos começaram a ter utilidades diversificadas e dependentes da sua aptidão natural. Foram então distinguidos os solos para construção urbana, os solos aptos para a produção agrícola, e solos úteis na produção florestal. Cada tipo de solo gera posteriormente riqueza diferenciada. Tal como acontece com os solos urbanizáveis, por exemplo, que são mais caros e têm mais valor económico que um solo agrícola ou que um solo florestal, embora estes últimos produzam também riqueza.
Contudo, há um tipo de solo que é raramente referido quando se fala em tipos de solos. Ainda menos é referido quando se fala de valor dos solos. De facto, os solos naturais e com funcionalidades ecológicas de equilíbrio dos ecossistemas e do próprio “ambiente humano” é muitas vezes menosprezado. A verdade que este tipo de solo não gera qualquer tipo de riqueza, e muitas vezes para se manter ecologicamente funcional necessita de muito investimento e manutenção. Isto faz com que estes solos funcionem como opositores ou pelo menos não geradores de riqueza.
Acontece com frequência ouvirmos falar das pressões que as áreas verdes sofrem devido às forças de mercado. Estas forças de mercado pretendem crescer e expandir-se e não o conseguem devido a um território protegido e natural que não produz qualquer tipo de lucro.

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Embora a maioria das pessoas desconheça a importância ecológica de uma área natural, ou de um ecossistema, estas áreas devem ser protegidas e bem geridas pelos planeadores, impelidos pela necessidade de fomentar um desenvolvimento sustentável e um ambiente mais saudável às suas populações.
Para tentar impedir que esta subvalorização dos solos naturais continue e travar a pressão de que são alvo poderiam tomar-se medidas que possibilitassem uma auto-suficiência dos espaços naturais. Em muitos países é necessário pagar uma taxa simbólica para visitar espaços naturais. Esta pequena taxa permite que estes espaços produzam de facto alguma riqueza, útil por vezes para a manutenção da própria área natural.
A maioria das vezes, o cidadão comum valoriza mais um parque da cidade, construído para o lazer do que um espaço que seja de facto natural. O que a população considera ser qualidade de vida raramente inclui os espaços naturais. As construções, edificações, pontes, estradas, etc. são muito valorizadas em detrimento dos solos naturais e dos ecossistemas de um território. É necessário que se entenda pelo menos de onde vem o oxigénio e a fonte de vida da humanidade, senão, daqui a umas décadas estaremos sozinhos na Terra no meio de florestas de betão.

Problemas na ocupação do solo

Com o crescimento das cidades sem o devido planejamento quanto ao uso e ocupação do solo,
os problemas de degradação são ampliados e passam a causar transtornos e prejuízos a certa parcela
das populações,  notadamente as que ocupam as áreas de risco. Desrespeito à legislação ambiental,
contaminação dos recursos hídricos, erosão e desmatamento são alguns  exemplos de  problemas
encontrados na maioria das cidades brasileir
Considerando o contexto do crescimento desordenado, áreas naturalmente mais  vulneráveis a
ocupação passam a apresentar problemas crônicos com uma repercussão negativa para os ecossistemas
e para as populações de baixo poder aquisitivo  que as ocupam. No entanto, nem sempre são as
populações de baixa renda que protagonizam uma ocupação desordenada do espaço. É muito comum
na zona litorânea do Brasil o crescimento rápido de pequenas cidades  impulsionado principalmente
pelo incremento de atividades turísticas e veraneio. Para que esse processo pudesse acontecer de forma
ordeira seria necessário a implementação de estudos ambientais que subsidiassem um planejamento e
gestão racional do uso e ocupação do solo urbano.




 


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